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A sabedoria do silêncio

  • Foto do escritor: Susana Novais
    Susana Novais
  • 29 de mar. de 2020
  • 1 min de leitura

Há um silêncio surreal lá fora. Não há carros nem buzinas, não há conversas nem gritos. Há – apenas – silêncio. Interrompido ocasionalmente pelos pássaros do costume, aqueles que há muito me encantam com o seu melódico chilrear, agora mais cristalino do que nunca. Costumo seguir-lhes o cantar, que já sei de cor, apanhando o seu início, deixando-me levar na harmoniosa sequência de notas, sempre afinadas, que já sei antecipar, e identificando o seu fim.

Tal é a ausência de movimento lá fora que poderia quase jurar que consigo ouvir a subtil deslocação de ar provocada pelo suave bater de asas dos pássaros mais audazes, aqueles que ousam voar mais longe e mais perto e pousar aqui no meu terraço.

Poderia quase jurar que consigo ouvir as gaivotas ali em baixo, na praia. Neste ameno domingo de sol e praias interditadas, imagino que estejam a questionar-se para onde terão ido os humanos.

Lá ao fundo, oiço mesmo o mar. Poderia quase jurar que consigo ouvir as ondas a desfazer-se em espuma fofa e a apagar as últimas pegadas deixadas na areia.

Prestem atenção.

Que conseguem ouvir?

O silêncio desperta os nossos sentidos. No silêncio, conseguimos ouvir melhor. Conseguimos ouvir melhor os nossos pensamentos.

O silêncio não é vazio. Está cheio de respostas.


 
 
 

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