Tempo-espaço
- Susana Novais
- 21 de abr. de 2020
- 1 min de leitura
Revisito frequentemente a teoria da relatividade de Einstein. Revisito frequentemente os conceitos de tempo e de espaço – na física, na neurociência, na vida.
Revisito esporadicamente as fotografias que tirei, em 2015, na muito rural Roça Sundy, na muito remota ilha do Príncipe, no exacto local onde a teoria geral da relatividade foi comprovada na prática, com a experiência de Eddington, por ocasião de um eclipse total do sol, em 1919.
Neste tempo de recolhimento domiciliário, reflicto cada vez mais sobre o tempo e o espaço, e revisito, cada vez mais frequentemente, a teoria da relatividade. Restrita, sobre a estrutura do sistema espaço-tempo. Geral, sobre a gravidade.
Neste tempo de recolhimento domiciliário, que designo por “tempo-espaço de recolhimento domiciliário”, tempo e espaço entrelaçam-se, atropelam-se, interpelam-se, fundem-se – alucinados –, atraindo a si, com força, a força da gravidade, que – segundo a teoria – dilata o primeiro e contrai o segundo.
Neste tempo-espaço de recolhimento domiciliário, metódicas contemplações diárias permitem-me observar, com o rigor pelo coração permitido, a poderosa distorção que estes corpos massivos que são as nossas casas exercem sobre tempo e espaço, derretendo aquele, que deste transborda.
Neste tempo-espaço de recolhimento domiciliário, derreto catarticamente o meu tempo no espaço das palavras, transbordantes.

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