O toque

Tenho saudades de abraçar a minha Mãe. Por muito que me peça, e por muito que me custe, não a vou visitar.

Tenho saudades do carinho que transborda do seu toque.

Nós, portugueses, somos muito expansivos nas nossas demonstrações de amor. Tocamo-nos muito. Abraçamo-nos muito. Beijamo-nos muito. Amamos muito. Vivemos muito. Somos muito.

Sentimos muito.

E sentimos muito a falta do toque, do abraço, do beijo.

De manhã, fui ao terraço receber a chuva. Sentir a chuva tocar-me no rosto, nos braços, nas mãos. Demorei-me a analisar o seu toque, a sua temperatura, a sua textura. Observei cada gota como se ao microscópio. De cada gota espremi tudo.

Até à última gota.